
Querida Julieta, esta história teve inicio há 7 meses. Alguém, no qual eu já conhecia à algum tempo, quer dizer, falava com ele raramente, éramos conhecidos, um do outro. Eu o achava um cara com todas as qualidades que qualquer mulher precisa. Desde atencioso à carinhoso. Sempre sorridente e de bom humor. Eu de certa forma já era encantada por ele, só não sabia. Eis então que chega dezembro de 2010, eu estava saindo de uma complicada paixão, e tudo o que eu queria era "conhecer", alguém diferente. Alguém que desse valor ao que eu era capaz de sentir. Foi então que ele se revelou. Tanto tempo convivendo e vendo-o e ali estava ele dizendo todas aquelas coisas que deixariam qualquer uma em choque, como eu fiquei. E conforme se passaram as semanas, íamos nos vendo quando o destino queria, e ele só dando provas de que tudo que dissera era realmente verdade. Algumas atitudes no meio do caminho contraditórias, mas não se envergonha de atos na frente de todos que provava o que ele havia me dito. Quando eu percebi, eu estava apaixonada. Por tudo isso que ele me fazia. Por esse bem. Por me fazer sentir especial pela primeira vez na vida. Poucos meses depois, veio o que iria acabar com tudo isso. Ele voltou a se envolver com a ex-namorada e nada nunca mais voltou a ser o que era. Ele foi se transformando em tudo ao contrário do que eu sempre achei que fosse. E tudo o que ele havia dito e feito, foram parecendo cada vez mais falso e distante. Chegamos a um ponto em que não deu mais pra enrolar. E então, um amigo, de ambos, me confessou: "Esquece ele. Ele não te merece". E foi como um soco no estômago. Um amigo dele, dizendo isso. Eu que sempre fui tomada por esperança, vi a coisa mais bonita que já me aconteceu sendo tirada de mim na mesma intensidade. E a função de esquece-lo, tornou-se obrigatória. Só não imaginei que seria tão difícil. Está me matando. Eu tenho que esquece-lo. Eu achei que não gostasse tanto dele assim, mas pelo tamanho da dor. Pelo tamanho do luto, que não há o que faça eu tirar, eu tenho que admitir, eu o adorava de uma intensidade e em uma proporção que eu nem imaginava. Não tenho mais nem direito de ter esperança. Depois das palavras que se resumem em "the end" do nosso amigo, tenho que seguir a risca o que ele falou e esquece-lo. E eu tento, tento todos os dias fazer mais de mil coisas para manter a cabeça e o consciente ocupados e não pensar nenhum minuto sequer nele, mas parece que quanto mais tempo se passa, mas difícil fica. E por um segundo posso está ótima, revigorada e pronta pra outra, mas é só surgir qualquer mínimo detalhe relacionado a ele que é como uma rasteira nas pernas, eu desabo. E choro, choro como agora a pouco estava chorando ao ver o filme "Cartas para Julieta", onde arranjei coragem para vir através desde meio compartilhar o que está mais do que sufocado aqui dentro a dias. É que entenda, por fora, pro mundo e pra ele, principalmente, tenho que ser o oposto de tudo isso. Sentir, não pode ser cogitado. Tenho que parecer uma alma que vaga sem coração e sem sentimentos, muito menos sem sentimentos de dor, ou de amor. Isso cansa. Isso é uma tarefa que por mais que pareça fácil para quem está de fora, é extramente difícil para quem está dentro. Literalmente, dentro. E não consegue sair. E o que mais me prende é que por mais que ele tenha feito coisas que leva um homem, homem que nem ele, homem do grupo dele, me dizer que ele não me merece, eu ainda lembro de dezembro. Ainda lembro daquele final de 2010. Onde eu me sentia a pessoa mais contemplada daquele bar. E não é pelo reconhecimento que ele carrega com sí. Era porque o real de homem perfeito que eu imaginava estava ali na minha frente me dizendo todas aquelas coisas lindas, e lembro de todas as semanas em que na frente de quem fosse me fazia subir ao pedestal do time dos encantados, com todos aqueles atos de carinho e atenção. E lembro mais ainda, das músicas dedicadas, cantadas olhando olho no olho. Essas são as que mais dói. Porque eu realmente olhava lá dentro da bolinha do olho e parecia tão sincero. Enfim, querida Julieta, eu só precisava admitir minha fraqueza e o quão doloroso está sendo pra mim. Deixa-lo para trás. Arrancar da minha vida uma das coisas mais bonitas, e ao mesmo tempo tão monstruosa que já me aconteceu. Não espero reencontra-lo daqui 50 anos como Claire e Lorenzo, só queria que fosse como Charlie e Sophie, que o improvável se tornasse real. E que acontecesse como na cena em que Charlie vai atrás de Sophie. Quando tudo parece que não tem mais a mínima possibilidade de acontecer. Quando se vê e se sabe que a pessoa não merece, na verdade tudo não passa de um mal entendido, porque ambas não se falaram e não contaram uma para outra o que realmente estão sentindo depois de toda as nuvens e tempestades. Mas Julieta, eu como já havia dito, não tenho chão e nem base para apoiar se quer uma gota de esperança. É bom poder escrever, sem ter o menor intuito que alguém leia, mas só para poder representar de alguma forma tudo que tem que ficar calado e que sufoca aqui dentro. Com todo amor, Alice.