
Acho que era Clarice, que já dizia: "Sou feita de urgências". Pois bem, sou cheia delas. Sou intensa. Serão esses adjetivos defeitos ou qualidades? Passei muito tempo me torturando, pensando e achando, cada vez mais que, eram consequentes defeitos. Que a culpa pelas coisas não acontecerem ou não darem certo, era dessa minha ansiedade extrapoladora. Depois que tudo chega ao fim sem ter sido do jeito que a gente queria, muitas vezes (e no meu caso foi assim) nos damos por conta de que, se não aconteceu algo que estava ali, na nossa frente, PRONTO para acontecer e simplesmente sabe-se lá porque, não aconteceu, será mesmo que a culpa é nossa ou é o infalível destino acontecendo? Nos poupando e prevenindo-nos de desilusões e decepções muito maiores do que a sensação de "eu achei que dessa vez ia dar certo".
E se fosse como sempre imaginamos? Se o tão esperado beijo adiado diversas vezes tivesse rolado, se todo aquele lindo sonho de amor, eu tivesse vivido, será que ia dar mesmo pra ser um sonho lindo de amor? Com as pessoas e situações envolvidas, será que ia dar certo? Hoje olho pra trás, ah.. eu olho pra frente também, e tenho mais certa que não.. O destino me poupou foi é de prolongação das minhas urgências e anseios e de futuras maiores decepções.
O cara não era certo, não que eu acredite ainda nisso. Mas não ia rolar, não era o meu biotipo e nem eu o dele, apesar de viverem martelando que eu fazia o tipo, morena, alta, pouca idade e vivência, o tipo dele. Não ia dar certo, não tinha química, não tinha verdades, não tinha futuro. O que o destino e ele fizeram foi me mostrar que daquela espera não ia sair nada, que a caminhada (quase correria) não iam valer apena, e hoje eu sei.. Não iam mesmo.
Então porque essa "bad" toda? Porque a fossa após todos esses descobrimentos?? É a sensação de "ressaca", como dizem assim como bebida, misturar pessoas também pode gerar uma grande dor de cabeça. E aqui estou falando de sentimentos. Para que trocar a afinidade de uma amizade tão legal e divertida como era a nossa, por meia dúzia de impulsos, primeiros teus, depois meus?
Destino! Cada um acontece na vida do outro por um motivo, e se termina da pior maneira possível é porque era pra ser, e se vale a pena? Não daquela maneira boa que a gente fica sonhando meses pro futuro da gente, mas vale a pena pelo aprendizado. Cada "back" desses é um tijolo construído dentro de mim, e para me deixar forte como uma rocha, dura feito granito eu preciso de muito cimento e tijolos na minha eterna construção... Aos poucos toda essa doçura, todos esses "teenage dreams" vão virando pó.. Evacuam de dentro de mim, dando espaço a certezas, seguranças e princípios: Eu, eu mesma, myself, em primeiro lugar, sempre.
Vou virando expert na arte de reconhecer carapuças bem colocadas, mas mesmo assim, vou vivendo e não me poupo de emoções, tenho medo mas me arrisco, não vou me trancar a sete chaves com medo de novas frustrações, eu tô viva, com a cara a tapa nesse mundão de Deus, tô aqui pra passar por tudo que o destino escrito por ele me reserva, então vamos lá. Saio de uma pronta pra outra. Com a normal saudade daquele tempo, antes do fim. Mas isso é normal, logo logo pinta outro, e eu me envolvo e esqueço todos os outros velhos "backs" e rasteiras que a vida já me deu. E vou colecionando tijolinhos. E quando eu não sentir mais nada, aí sim, esse mundo eu não habito mais, porque enquanto aqui viver o que eu quero mesmo é sentir, todas as emoções possíveis e poder escrever muito ainda sobre todas elas. Afinal se não fossem as decepções e os corações rachados, para que serviria o blog que eu escrevo, ou as músicas cantadas? Que venham muitas decepções, é com elas que eu vou aprender a fazer o dobro de tentativas bem sucedidas e aproveitadas.